terça-feira, 27 de setembro de 2011

Hoje foi mais que um dia....

Hoje!...

Foi mais que um dia de campereada

Cheguei nas casa

Desencilhei, fiz um mate

Segui sorvendo e pensando...

Pensando de alma pesada



Hoje!...

Foi mais que um dia de campereada

Pois vi a vida enquadrada

Desde um extremo a outro

Vi dois cordeiros nascendo

E um terneirito morto



Quando sai de manhã

Soprava frio um ventito

E recorrendo eu e o Vitor

Se fomo até meio-dia

Mas notei que hoje - o dia –

Andava meio esquisito



A tarde empeçava morna

Voava alto a corvada

Era uma tarde nublada

Com jeito de viração

Que angustia o coração

Mas a gente não diz nada



Logo abaixo do rodeio

Vi dois cordeiros berrando

Pela ovelha chamando

Que ao tranco se ia embora

Por sorte foi bem na hora

Que eu ali ia cruzando



Talvez não ouvi-se os berros

Por causa do vento norte

Se ia extinguindo a sorte

Daqueles recém nascidos

Que mal os olhos abrindo

Já iam encarando a morte



Segui recorrendo o campo

Agora mais aliviado

Depois que os dois “bem mamado”

Iam ter força pra andar

Pra poderem acompanhar

A sua mãe no costado



Mas hoje!...

Foi mais que um dia de campereada

E lá na mangueira do meio

Tem umas vaca de ubre cheio

Já co`as teta bem inchada

Que tem que dá uma esgotada

Pra pode mamá os terneiro



Mas Bueno!...

Segui batendo meu basto

Nas cruz da minha tordilha

Quando avistei nas flexilha

Uma polianga deitada

Então fui dá uma chuliada

Recém tinha dado cria



Notei ainda do basto

Que o bichinho era doente

E aquela angústia de repente

No peito brotou ligero

E que a sorte dos cordeiros

Não andava mais co`a gente



Alcancei pro Paulo Sérgio

Que acomodou a terneira

Na cabeça das basteira

Levava a pobre agarrada

E eu com a vaca apartada

Em direção da mangueira



Botamo a vaca no tronco

Tiramo um pouco de leite

Fizemo mamá a doente

Pra vê se a “conchenca” salvava

Mas era pior do que pensava

Mal formada boca e dente...



No constatar o problema

A esperança ficô poca

Não tinha o céu da boca

Um buraco no lugar

E vimo que pra se salvar

Só tendo uma sorte loca



Mesmo assim... foi dado o leite

Por descargo de consciência

Mas digo pela experiência

Embora faça minha prece

Que a pobrezinha amanhece

Bem longe desta querência



Por isso, Hoje!...

Foi mais que um dia de campereada

Cheguei nas casa de alma pesada

Por ver a vida, bem enquadrada!

 Só pude olhar...


E fazer, nada!







Guto Gonzalez - Novembro de 2010

Júlio de Castilhos/RS



Grande abraço meu hermão de arte e pátria Guto Gonzalez,
"Homem do campo que sabe oque escreve e entende...."


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